Vou aproveitar o post da Solange para comentar o que já disse tb hoje num e-mail para a Ignez e tenho comentado bastante com a Beth. Na primeira vez em que tive de tirar minhas botas de caminhada (ah, minhas botas tão confortáveis compradas em Montmartre...) numa casa montrealense fiquei muito passada e me senti muito mal (acho até que quando voltar terei de discutir em várias sessões de análise pq essa história dos sapatos me incomodou tanto). Mas depois, na segunda, terceira vez, me senti... ainda mal! Bem, é verdade que comprei sapatinhos novos (vejam que chiques!), chego na casa das pessoas e vou logo dizendo: vou trocar os sapatos! E já vou me sentando no banquinho da entrada, tirando um e colocando o outro. Mas a verdade é que sempre me acho desajeitada, acho esquisito, e depois tem que tirar o casaco, o cachecol, as luvas, nossa, como é que as pessoas podem viver tanto tempo botando e tirando tanta roupa? E a questão da língua é realmente muito séria. Parece mesmo que somos pessoas diferentes em cada língua que falamos. Eu aqui sorrio muito, pra compensar a falta de palavras. Com o caixa do supermercado, a mocinha do guichê do metrô, o zelador do prédio, o rapaz do audiovisual da faculdade... sou uma simpatia, todos me desejam sempre bonne journé com outro sorriso enorme. Aí já sorrio menos e falo mais, às vezes de cara feia (até que um equilibriozinho seria bom...). Hoje fui a um seminário na UQAM, um francês da semiótica veio falar. Eu fiquei olhando aquela sala, umas 30 pessoas em torno de uma mesa, gente de diferentes países, fiquei imaginando o que cada um estaria ali pensando, por detrás da cara atenta e o ar de interesse. Uma argelina, um italiano, outra brasileira... Todo mundo se sentindo estranho, tenho certeza. Mesmo o francezinho arrogante usa a arrogância pra disfarçar o estranhamento que não admite. Mas tudo isso não deixa de ser desafiador e interessante. Que estranhos somos para nós mesmos? Que estranho habita em nós? Quantos podemos ser? Eu posso ser a que calça as botas confortáveis, velhas e habituais e tb a que aperta os pés no sapatinho envernizado da tradicional loja de sapatos montrealense para fazer figuração com os da terra. E ainda há as havaianas de andar em casa, a bota de salto para sair à noite, o sapato mocassim da viagem... quantos pés para tantos sapatos precisamos ter???
terça-feira, 13 de outubro de 2009
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Lucia, que ótimo encontrá-la por aqui! E mais: poder lê-la!
ResponderExcluirBeijo saudoso,
Jean-pretensamente-pés-descalços
Veja só Lucinha se a moda de tirar os sapatos fosse por aqui,eu não precisaria de enrrolar o meu tapete, tão lindo e branquinho com bolinhas coloridas toda vez que reebo visitas.Como ando descalçaem casa e, o clima aqui permite,não sujo nunca, nem eu nem Dedéa o nosso lindo tapetinho!!Tudo é mesmo uma questão de hábito.Os sus sapatinhos são realmente muito lindos.Você deve andar com um na bols para trocar quando entra em alguma casa, não??Para você o meu beijo .Recebi e amei o seu cartão!!Mande mais.Mamãe.
ResponderExcluirOi, querida!
ResponderExcluirConcordo com D.Zezé. Acho mesmo que os sapatos levam muita sujeira pra dentro de casa. Não vejo problema em tirá-los. Por mais que os sapatos sejam confortáveis, nada como ter os pezinhos livres. Além do mais, seus pés já foram tão elogiados... Liberte-se! É bom experimentar o diferente. Não gaste horas de análise com isso! Muitos beijinhos, saudades, Angela
Você poderia introduzir a moda "Havaianas" não só para uso doméstico, mas para visitação. Cada um levava o seu par na bolsa. Além de ser moderninho, isso ajudaria as exportações brasileiras! E poderia também exportar umas pedicures nacionais para as mulheres estarem sempre com os pés maravilhosos em cada visita. Já que não dá para todos falarem a mesma língua, pelo menos usemos os mesmos chinelos, deixando os pés aparecendo para marcarem bem a diferença, que é nossa. Só nossa.
ResponderExcluirBem, vou agora tirar meu sapatinho e ir direto para a cama.
beijo
Solange
Você está très chic, com esses sapatinhos de usar na casa dos outros... Eu ia de meia,mesmo... Vou seguir a ideia e fazer o mesmo, agora, na Suécia...
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