Escrevo já do Brasil, dois dias depois da chegada. É estranho escrever aqui já sob um calor de mais de 30 graus, roupinhas leves e casa por arrumar. Mas não podia deixar de contar do meu último dia em Montréal, que começou com uma caminhada pelo parque La Fontaine, para fotografar as árvores já sem folhas, na paisagem que prenuncia o inverno. Em seguida, tomei um super café da manhã com Nova, num restaurante super "branché", na avenue du Mont Royal. Café estilo americano, com todas aquelas gorduras e açúcares que agora fazem parte de um tempo suspenso e de um lugar muito distante. À tarde embarquei, levei um tombo daqueles de corar de vergonha e dor no aeroporto de Toronto, fiquei 6 horas esperando meu voo para o Rio no aeroporto de Guarulhos, mas dei uma saidinha dos salões do aeroporto só para sentir o calorzinho e tirar uma foto com palmeiras e árvores verdinhas. Todos os amigos que leram esse blog ecompartilharam comigo minhas impressões durante esses dois meses recebam aqui, nesta última mensagem, meu beijo mais amoroso e minha declaração agradecida e comovida de amizade. Se não tivesse tido leitores, comentadores, críticos e admiradores teria sido mais difícil estar fora sozinha tanto tempo... Agora vou esperar a próxima viagem, mudar o nome do blog e continuar a escrever e a fotografar, com o desejo de transformar em palavra e em imagem a experiência tão rica de viver algum tempo fora de casa e da rotina.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Meus melhores souvenirs
Fiquei muito emocionada hoje ao me despedir de meus alunos. Eles me disseram coisas muito bonitas, falaram da descoberta que fizeram do Brasil, da vontade de conhecer o país e de estudar o português. Estavam alguns deles também emocionados, comemos biscoitinhos que levei, tiramos fotos, ouvimos Tom e Vinícius, na voz de Henri Salvador. O curso foi uma viagem pelo tempo e pelo espaço, fomos da carta de Caminha ao sertão de Rosa, das matas verdejantes e do sabiá ao agreste nordestino e das cidades de Tarsila às paisagens imaginárias de Guignard. Passamos pela Paulicéia, vimos Macunaíma, ouvimos Chico, declamamos Bilac e sofremos com Drummond. Preparei tudo com muito cuidado e acho que acertei, posso dizer isso sem vaidade, mas com a alegria de ter realizado bem o trabalho, e mais que isso, com a emoção de ter criado laços de afeto e admiração entre nós. São eles os meus melhores souvenirs do Québec, foi o que lhes disse e é a verdade. Foi com eles que mais falei aqui, foi a eles que mais dediquei meu tempo e foram eles também que me deixaram sem sono e aflita. Depois da aula, brindei a mim mesma, em casa, com uma taça de champagne. Fotografei a minha rua mais uma vez, aproveitando que havia uma obra e pouco movimento de carro. À noitinha, andei uma vez mais pelas ruas antigas do Vieux Montréal, admirando a iluminação, os poucos turistas, os restaurantes que começavam o movimento da noite. E agora vou arrumar as malas, porque amanhã ainda tenho passeio pela manhã e blog antes de partir, às 3 da tarde.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Jantar de despedida
Hoje fizemos um jantar de despedida aqui em casa. Estavam minhas amigas brasileiras Ana, Kelley e Cristiana, e minha amiga québécoise Nova. Cada uma delas tem uma importância em minha vida, todas elas juntas formam o afeto que me permitiu ser feliz em Montréal. Ana foi minha companheirinha de todos os bons passeios, amizade surgida por acaso que me trouxe a alegria de conhecer uma menina tão jovem e batalhadora, cúmplice de compras e turismo, fotos e boas risadas. Nova foi a segurança de saber que eu estava em casa aqui também, sempre disposta a me mostrar as boas coisas de Montréal, além de companheira de interesses acadêmicos, de cinema e de chocolate. Kelley chegou mais tarde, com sua vozinha meiga e seu jeito terno, para continuar meu trabalho e me mostrar passeios e comidinhas gostosas na cidade. Cristiana chegou bem mais tarde, para provar que a vida tem sempre surpresas, pode sempre nos apresentar pessoas bacanas, possibilidades de amizade que, se não se realizam naquele momento, poderão um dia se realizar. Hoje Ana fez um risoto de amêndoas delicioso, eu fiz um franguinho com cenoura, Kelley escolheu os pães, Cris trouxe os vinhos e Nova nos trouxe o Québec, no doce recheado d'érable, na cidre au pomme e no seu sotaque maravilhoso de estrangeira falando português entre brasileiras. Foi uma noite alegre, com música brasileira ao fundo. Me sinto feliz de ter podido conviver com essas meninas tão bacanas, minhas amigas, que acompanharam minha experiência aqui e me mostraram a possibilidade de criar laços tão interessantes, amorosos e variados nessa cidade de Montréal, no outono de 2009.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Pôr-do-sol no oratório
A minha última semana tem sido presenteada com dias lindos, céu azul, sol e temperatura bastante razoável. Hoje fazia 5 graus. Mas a última semana é sempre uma semana ansiosa, cheia da expectativa da volta e da sensação de que é preciso ainda ver... e comprar... e aproveitar... e isso acaba cansando. Fiquei gripada, estou cansada e dormindo mal. Acordo no meio da noite e fico pensando no que vou tirar da mala, no que vou deixar, ou se não tiro nada e pago o excesso. E nesse caso: como vou me virar com 3 malas? E mais ainda: o que vou falar sobre Guimarães Rosa na aula de sexta? Sim, porque ainda há uma aula a dar, um sertão a comentar e um Vinícius a fazer ouvir... E tudo fica meio nebuloso, a cabeça muito ocupada e a sensação de que já não se está mais no lugar, pelo menos não em espírito e vontade. Hoje, para ainda ver um ponto turístico que não tinha visto, fui ao Oratório São José, um lugar de peregrinação de onde se tem uma linda vista da cidade. Veem-se também cenas esperadas, como a da moça que subia e descia os degraus até, provavelmente, pagar a promessa feita. Fui com a Kelley e depois sentamos num café na animada Côte de Neiges e ficamos conversando. A tarde estava realmente linda, pude quase ver o pôr-do-sol no rio Saint Laurent ao fundo da vista que se tem do alto do oratório. Mas as cores do céu nas fotos são já as do entardecer avermelhado de Montréal, por trás das árvores sem folhas do fim de outono. E a luz era uma quando chegamos e outra quando saímos, na rápida mudança de cores do curto tempo da visita. Mas a luz em meu coração já é a do Rio de Janeiro com seus quarenta graus de verão na primavera...
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Chocolate com Nova
Hoje, depois de atender alunos na UQAM e me encantar com o encantamento deles com o Brasil, fui tomar chocolate com Nova na Juliette & Chocolat. O "chocolat chaud à l'ancienne" da Juliette, cremoso e saboroso, é o melhor chocolate que já tomei na minha vida. Tomei pela primeira vez logo que cheguei, com Nova, e hoje acho que pela última vez (nessa viagem) com Nova também. Foi bom refazer esse programa e pensar que dois meses até que passaram rápido e que, nesses dois meses, aconteceram tantas coisas. Depois fomos ao cinema ver um filme québecois muito interessante, Donation. Eu estou feliz porque acho que consegui fazer os alunos se interessarem, mais que pela literatura, pela cultura brasileira, pelo Brasil. Hoje um menino veio me perguntar como podia fazer um mestrado em Literatura no Brasil,uma menina me disse que vai trocar o curso de espanhol pelo de português, a outra estava encantada com São Bernardo. Estou feliz com tudo isso, feliz porque sinto que meu francês melhorou muito, minha insegurança com a língua está bem menor e eu percebo que, mesmo com minhas hesitações e inseguranças, consegui fazer bem o trabalho que vim fazer aqui. Estou mais à vontade no departamento, as funcionárias são ótimas, especialmente a Jozéane, a chefe de departamento, a Brenda, é uma pessoa muito bacana, amanhã vamos almoçar num italiano... Vcs só me veem comendo, não é? E aguardem quinta-feira, quando faremos um jantar aqui em casa minhas amigas daqui e eu, será minha despedida!
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Semana de despedida
Hoje comecei minhas despedidas, fotografando a UQAM, uma universidade bonita, que me acolheu tão bem e me permitiu viver uma experiência importante e interessante. Vejam meu "bureau", com a vista da torre da igreja, acho bem legal. Vejam tb o saguão, a amplidão do espaço e o movimento da meninada. O prédio que vcs veem é aquele em que fica o meu departamento, mas a UQAM tem vários prédios espalhados pelo Quartier Latin e também em outros lugares da cidade. Atendi duas alunas, contente de ver o interesse pela literatura brasileira, pelo Brasil. Saí da universidade e fui caminhar um pouco, aproveitando a tarde com temperatura em torno de 15 graus, é o que eles chamam "l'été des indiens", esse calor fora de hora. Andei pela rua Saint Denis, uma das minhas preferidas aqui, cheia de cafés e terraços que hoje estavam cheios de gente, tomando cerveja, conversando... Continuei andando, fotografando casas, ruas, árvores já sem folhas, movimento de bicicletas e de gente... À noitinha passaram aqui em casa a Kelley e uma outra brasileira, que estuda linguística, a Cristiana. Saímos para passear um pouco... pela sua Saint Denis! Paramos numa livraria enorme, ficamos ali um tempo, olhando tudo, cada coisa linda, tentadora, além dos livros, revistas e CDs, havia de tudo, coisas de casa, de cozinha, de papelaria... mas nas minhas malas não cabe mais nada (aliás, acho que não cabe nem o que já comprei!). Terminamos a noite, Kelley e eu, comendo a famosa poutine, uma batata frita com um molho grosso e picante e queijo por cima, muito saborosa, acompanhada de cerveja da terra, eu, como vcs podem ver, já bem cansada das caminhadas todas de hoje. Foi um bom começo de despedida essa segunda-feira!
domingo, 8 de novembro de 2009
A Montréal de Ana
Ana é minha companheira de turismo, comidinhas e compras. Hoje fomos à torre do estádio de Montréal, subimos no funicular, tiramos muitas fotos (a foto que vcs veem é a primeira que tiramos quando estávamos subindo, com o Biodôme em destaque e o Saint Laurent à direita) e ainda encontramos lá em cima com o Henrique, um atleta brasileiro da natação, em treinamento aqui em Montréal (ele está na foto com a Ana). O mais incrível é que o Henrique volta para o Brasil no mesmo voo que eu, quanta coincidência!!! Tivemos a sorte de hoje ter feito um dia lindo, com céu azul, temperatura muito razoável e sol o dia todo. Descendo da torre, sentamos numas mesinhas e comemos o delicioso sanduíche de frango desfiado com champignon que a Ana tinha preparado, uma delícia! Depois fomos ao Biodôme, um lugar em que existe a reconstituição de vários ambientes naturais do mundo. Lá encontramos micos, araras, pinguins, piranhas, jacarés, linces, castores (para mim os mais interessantes e curiosos) e mais toda a vegetação e clima de cada parte do mundo, muito legal. É um programa que eu não faria se a Ana não tivesse sugerido - e adorei! De lá, fomos à Universidade de Concordia, para a Ana tratar dos ratinhos dela. É um lindo campus, construído num lugar em que habitaram povos indígenas, e por isso há lá uma enorme escultura ao lado da qual a Ana me fotografou... Nosso domingo ainda não tinha terminado: tomamos de volta o ônibus, o metrô e fomos para a área do velho Montréal, eu para compras, a Ana para fotos, e terminamos o dia numa creperia maravilhosa. Foi mesmo uma sorte ter encontrado aqui essa jovem bióloga. A Ana, com sua empolgação com a nova experiência que está vivendo e seu deslumbramento comovente com a cidade e os estudos aqui, me traz tb uma nova experiência, a de fazer uma amiga jovem, muito jovem, e me descobrir animada e disposta a compartilhar com ela caminhadas, aventuras, bichinhos, piqueniques e até uma ida ao Cassino!
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